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Brie-Comte-Robert – Cidade medieval que leva o nome de um conde e onde morreu uma rainha

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Brie-Comte-Robert é uma daquelas cidades ao lado de Paris, que quase não tem turista, mas que tem uma história e atrações super interessantes. Ela abriga um castelo medieval – ou o que sobrou dele – que foi a última morada da última rainha de uma dinastia francesa. Além disso, oferece deliciosos pratos à base de queijo Brie e uma vez por ano abriga um interessante desfile. Se você ficou curioso (a), ainda tem mais.

Brie-Comte-Robert

Os primeiros sinais de ocupação da cidade vêm da época pré-histórica, mas apesar de vários objetos encontrados em escavações arqueológicas, ainda não se sabe muita coisa sobre o período. Na época galo-romana, ou seja, quando o Império Romano colonizou a então região da Gaule, o lugar foi ocupado por pequenos vilarejos na borda de uma rota romana.

Brie-Comte-Robert 2

Mas, podemos dizer que Brie começa mesmo a entrar para a história no século XII, quando o rei francês Louis VI compra algumas terras e as dá para o filho, Robert, que era conde de Dreux. Este manda construir um castelo no feudo, a fim de melhorar as defesas da região. Nasce, assim, a cidade de Brie-Comte-Robert (algo como Brie-Conde-Roberto, em tradução literal. Já a palavra Brie, segundo alguns pesquisadores, vem do antigo nome da cidade, Braya, que significa terra lamacenta).

O château

O château

O primeiro senhor de Brie também faz outras construções na cidade. Quando ele morre, em 1188, seu filho, Robert II de Dreux, herda o castelo e continua a desenvolver a cidade. É ele que constrói o Hôtel-Dieu, para acolher os viajantes que chegavam ao vilarejo para participar da feira. As feiras dessa região eram famosas, sendo as de Brie-Comte-Robert e Provins as mais importantes.

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O feudo (o castelo com o vilarejo) continua na família Dreux até 1254, quando passa para a família Châtillon. E assim vai até quando Marguerite d’Artois, cunhada do rei Philippe le Bel, herda o lugar, no século XIV. Ela, por sua vez, o deixa para a filha, Jeanne d’Evreux, que é viúva de ninguém mais do que o rei Charles le Bel, filho de Philippe e último soberano da dinastia dos capétiens. E é na cidade que ela vai viver após a morte do marido (1328) e é lá que ela morre, em 1370. A filha da rainha, Blanche de France, é a nova herdeira, mas esta morre em 1393 sem filhos. O feudo, então, volta para a coroa francesa.

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Na época, o novo rei, Charles VI, doa o castelo e o vilarejo ao irmão, Louis, duque de Orléans. O nobre reside no castelo e Brie se torna ainda mais importante. Nobres de toda a França chegam ao château para festas e torneios. Mas era a época da Guerra de Cem Anos e o novo proprietário reforça as defesas do lugar.

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Mas de nada adianta, pois ele será assassinado em Paris por Jean sans Peur, duque de Bourgogne. Uma guerra civil é declarada entre os partidários dos Orléans (Armagnacs) e os Bourguignons. E Brie é dominada por esses últimos. Mas como a guerra contra a Inglaterra continua, em 1420, os ingleses invadem a cidade. Durante três anos, o feudo e o castelo se alternam em mãos de franceses e ingleses. Isso vai até 1434, quando o exército francês retoma o lugar e o devolve ao novo duque de Orléans, Charles, recém libertado pelos ingleses.

A prefeitura

A prefeitura

Esse foi o período mais turbulento para a cidade. Depois disso, o filho de Charles, o novo duque, vai virar rei com o nome de Louis XII e, assim, Brie volta para a Coroa Francesa. Só que o rei seguinte, François I, no começo do século XVI, dá o feudo para os nobres que são seus aliados, inclusive vários italianos. Eles têm a obrigação de cuidar bem do lugar, mas não é bem o que acontece. O castelo, por exemplo, fica bastante degradado.

O jardim ao lado da prefeitura

O jardim ao lado da prefeitura

No século XVI, a cidade é invadida por tropas francesas, durante a Fronde, conflito entre rebeldes e o governo real. Uma parte do castelo é destruída. No século seguinte, a coroa recompra as terras. Louis XV, então, faz uma troca com o Conde d’Eu: ele cede Brie contra algumas terras de Versailles. Assim, os herdeiros do conde são os últimos senhores da cidade. Isso porque logo depois vem a Revolução Francesa e os nobres são expulsos e suas possessões vendidas como bem nacional.

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No século XIX, a construção da linha ferroviária traz prosperidade a Brie-Comte-Robert. Várias empresas se instalam na região. Hoje, a estação da cidade não funciona mais, mas ainda assim é fácil ir até lá.

Fête das Roses, na primavera - desfile e música por toda a cidade

Fête das Roses, na primavera – desfile e música por toda a cidade

Algumas atrações de Brie-Comte-Robert

1) Château Medieval – Na época em que foi construído por Robert I de Dreux, no final do século XII, foi uma inovação arquitetônica e teve o modelo seguido por vários castelos construídos na época, inclusive pelo rei Philippe Auguste. Tinha forma quadrangular e era composto por quatro torres circulares, duas quadradas e duas semi-cilíndricas com portas, uma voltada para a cidade (porte de Brie) e outra para o campo (porte de Saint-Jean). Esta última era a mais importante.

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Quando a rainha Jeanne assumiu o château, ela melhora o lado residencial: abre janelas nas paredes e torres, coloca piso, constrói jardins. É no castelo que ela morre em 1370. Depois disso, o lugar ainda tem um período de glória com o duque de Orléans, esse que é assassinado, mas depois entra em períodos de turbulência e abandono, controlado ora pela Coroa, ora pelos nobres. Chega a ser restaurado no começo do século XVII e recebe o herdeiro do trono, Louis XIII, que era ainda criança. Mas em 1681, o estado do castelo é tão lastimável que é declarado inabitável.

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Em meados do XVIII é demolido na altura do primeiro andar, pois o proprietário alegava que a arquitetura era obsoleta. Chega a ter uma sobrevida com os herdeiros do Conde D’Eu, mas quando a Revolução chega, é transformado em prisão, antes de ser vendido. Isso degrada demais o castelo. Ele chega a ser comprado pela cidade em 1803, pra ser vendido novamente dez anos depois. Os novos proprietários fazem muitas transformações e a torre principal é demolida em 1879 para a construção de uma residência.

Os tipos de piso encontrados no castelo

Os tipos de piso encontrados no castelo

O château é comprado de novo pela cidade em 1923 e classificado dois anos depois como Monumento Histórico. O castelo, nessa época, tem muito entulho e está praticamente desfigurado. Então, trabalhos de urgência são feitos, mas sem muita consciência do que fariam com a construção. Foi só em 1982 que uma associação, chamada Les Amis du Vieux Château, em parceria com a prefeitura, começa a fazer escavações arqueológicas.

E, numa salinha, encontramos a rainha

E, numa salinha, encontramos a rainha

Em 2003, uma nova restauração é realizada de acordo com os vestígios do século XII e a reforma do século XIV (as da rainha). As construções parasitas são demolidas e as portas (de Brie e Saint-Jean) reconstruídas. Dois anos depois, o Centre d’Intérpretation du Patrimoine é aberto.

O Centre d'Intérpretation du Patrimoine (Centro de Interpretação do Patrimônio)

O Centre d’Intérpretation du Patrimoine (Centro de Interpretação do Patrimônio)

Aliás, esse centro é bem interessante. Nele estão expostos documentos que contam a história do castelo e objetos encontrados não somente nas escavações do local, como também artefatos mais antigos achados na região, inclusive vários da época da Pré-História. O castelo também promove atividades ligadas à arqueologia, e se você tiver vontade pode participar das escavações, principalmente durante o verão.

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Château de Brie-Comte-Robert
1 rue du Château
77170 – Brie-Comte-Robert
Horários: quartas, das 14h às 17h; sábados, das 14h30 às 18h e domingos, das 10h às 12h30 e das 14h30 às 18h.
Entrada gratuita
Oferece várias atividades em relação com a arqueologia, inclusive estágios em escavação e ateliês de pedra talhada. As atividades não são gratuitas.

O fosso que cerca o castelo

O fosso que cerca o castelo

2) Igreja Saint-Etienne – Começou a ser construída no século XII por Robert I de Dreux, no lugar de um antigo cemitério da Alta Idade Média. É de plano retangular. As perspectiva dos arcos é muito bonita.

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Mas a curiosidade dessa igreja são os vitrais: há vitral do século XII até o século XXI. E todos são tão bem integrados ao conjunto do edifício, que chega a ser difícil distinguir qual é medieval e qual é contemporâneo. Outra coisa legal é que nas bordas da rosácea, do século XIII, há um calendário agrícola. É um retrato de como eram organizados os trabalhos e as atividades ao longo do ano durante a Idade Média.

Olha nas bordas das pétalas: várias cenas e atividades medievais representadas medievais

Olha nas bordas das pétalas: várias cenas e atividades medievais representadas medievais

31 Rue de la Madeleine
Horários: de segunda a sábado, das 7h30 às 19h30. Domingos, das 8h às 19h30.

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3) Hôtel-Dieu – Foi construído no século XIII por Robert II de Dreux, o segundo senhor de Brie. A ideia era acolher os viajantes pobres que iam ao vilarejo participar das feiras comerciais. No século XVI foi transformado em uma capela. Em 1830, perde as abóbodas. Dez anos depois, é classificado como Monumento Histórico e abriga uma escola para meninas. Durante a Primeira Guerra, vira um hospital para os feridos.

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Em 1995, é restaurado e tem o primeiro andar reconstruído, respeitando-se a fachada gótica. Hoje acolhe exposições temporárias de arte, principalmente contemporânea. Como lembrança do passado, duas pedras tumulares – de duas religiosas do século XVI – estão na entrada do local.

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Rue des Halles
Horários: quartas e sábados, das 15H às 18h. Domingos, das 10h às 13h e das 15h às 18h.
Gratuito

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4) Parc François-Mitterrand – Fica mais ou menos a 20 minutos de caminhada do centro da cidade. Brie-Comte-Robert tem cerca de 50 hectares de áreas verdes e só esse parque tem 25.

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É um lugar simples, com muitas árvores e um lago. Dá para se fazer piquenique, além de ter quadras para praticar esportes. Tem gente até que pesca. Ideal para descansar depois de visitar a cidade.

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Aberto o tempo todo
15 allée Commandant Guesnet

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5) Fête des Roses – Acontece geralmente em junho desde 1949. É um desfile de bonecos, bandas, carros alegóricos enfeitados com rosas de papel e personagens de animação. A festa tem esse nome porque a região é conhecida pela plantação de rosas.

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E no ano de Copa do Mundo...

E no ano de Copa do Mundo…

É um desfile simples, que percorre toda a cidade. É bem familiar, tem muitas crianças e, enquanto os carros passam, as pessoas jogam confetes umas nas outras. Uma farra! Durante todo o resto do dia, diversas bandas ficam espalhadas pela cidade, tocando vários estilos musicais.

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E a criançada faz a festa

E a criançada faz a festa

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6) Dica de restaurante – Como fiz bate e volta, só almocei lá. E que almoço! O restaurante escolhido foi o Palmanova, italiano, mas com um toque francês. Pedi frango a milanesa, acompanhado de penne, bacon e com crostas e molho de queijo Brie, a iguaria da região. E os pratos eram realmente copiosos. Tanto é que nem consegui pedir a sobremesa. E isso é um fato raro!

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Endereço: 1, rue Paul Savary
Telefone: 01 64 05 00 39
Preço do menu: a partir de 15 euros

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Como ir a Brie-Comte-Robert
Opção 1: De Paris, pegar o RER A direção Boissy-Saint-Leger e descer na estação final. Depois pegar o ônibus 21 ou 23, e descer na parada RDV Château (no caso do ônibus 21) ou Place des Fêtes (ônibus 23). O trajeto todo demora cerca de 1h.
Opção 2: pegar em Paris o RER D, direção Melun, descer em Combs-la-Ville e pegar o ônibus 7, direção Ambroise Paré, e descer na parada Place des Fêtes. O trajeto total dura mais ou menos 1 hora.
Para calcular cada um dos itinerários, use o site da Transilien

Para ir de carro, consulte o Via Michelin

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